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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Balaio, presente!

A despedida. Foto: João Sassi


Delineada sob a perfeição milimétrica dos traços do arquiteto, como descreve a poesia que destaca o seu céu, a narrativa estética de Brasília desde os seus primeiros blocos mostrou-se tão pragmaticamente diagramada de forma a causar irreverência em qualquer Corbusier. A cidade que vem entre versos e inversos, entre eixos, tesouras, quadras, cigarras, caules e secas, hoje compõe um enredo de fazer chover em tempo no qual o comércio e a residência antes tão bem diversificados e segredados por referida arquitetura, hoje se confluem através de uma massa social organizada para instaurar o silêncio com seu próprio ruído gritado e intolerante.

A cidade planejada, com estrutura organizacional pertinente para tal, cresceu culturalmente entre espaços metrificados. Dentre eles, num soar dos tambores, na resposta do pandeiro, no chorinho chorado de um cavaco tímido e na cantada macia da zabumba. Somou livros, bocas e metais, ganhou amplificação, vitrola, flauta e viola. Multiplicou-se em uma roda grande e bonita, fez verso e ciranda, canto, poema; abraçou compositores, músicos, instrumentistas, tudo do bom pra tudo que é artista da arte de amar. Cresceu, ganhou cores e mitos, e se espalhou pelas escalas literalmente enquadradas de uma Brasília que, não se sabia, proíbe di(versi)ficar.

Um dos principais frutos de referida essência artística, o Balaio foi, então, enquadrado. Espaço configurado em quadra comercial, desenhada para tal fim, longe das quadras residenciais o suficiente para desafiar qualquer decibel de alcançar ouvidos de transeuntes de menor amor, o Balaio capitaneou sua identidade como um dos mais importantes centros de fazer cultural da Capital. Apoiado e frequentado por toda sorte da mais bonita humanidade, cresceu como um inestimável e imprescindível espaço de produção artístico-cultural, de congregação de ideais, de militância, resistência, diversidade e enfrentamento político a pautas sociais, por exemplo. Entretanto, sua amplitude de reconhecimento e criação de um fazer artístico mais humano nas asas de um avião que vem desligando suas turbinas a cada decisão arbitrária e culturalmente irresponsável do IBRAM e adjacências, foi ofuscada pela carimbo de uma Brasília autoritária.

Foi na Praça dos Prazeres, como ficou conhecida a praça que divide comércios com o Balaio Café, na 201 Norte, que cada um e cada uma dos seus mais inconformados (as) levaram seu último sorriso para confraternizar com o tudo que compôs um todo dia repleto de cores e diversidades. Um domingo de sol e saudade trouxe a cada um de nós um pouco dos tambores, do forró, do dançar agarradinho, do suor compartilhado, das métricas declamadas, das bocas beijadas, dos abraços ameaçados e dos olhares que resgatam ali histórias e estórias de uma Brasília que se esvai.

Um posfácio tímido de lembranças da despedida observado em letras enumera a reunião dos principais integrantes – clientes, músicos, amigos, filhos, curiosos e demais protagonistas da defesa da cena artística no cenário contemporâneo que condena música enquanto ruído, teatro enquanto afronta, poesia enquanto algazarra de loucos – dançando  um interminável carnaval madrugada afora. Contrariando a luta conservadora que culminou no fechamento do Balaio, a sua despedida foi uma festa à fantasia: vestimos a cultura em milhares de risos incontidos exalando saudade e vontade de começar tudo outra vez. Na resistência, Balaio, presente! Que 2016 nos seja leve.

Por Dara Ferreira.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Folia da resistência




Os eventos deste final de semana não poderiam ser mais simbólicos depois da operação que ocorreu ontem nos bares da 408 norte.  (Veja aqui http://goo.gl/7Y4Zbk )

Hoje quem bota o bloco na rua é o Carnaval Silencioso e seus head phones. De maneira criativa, colorida, animada e silenciosa, reivindica o direito que temos de "ocupar a cidade, o direito a fazer barulho, o direito a usar e abusar do seu corpo como bem entender." Sintonize seu radinho, vista sua fantasia e vamos ocupar a rua!


Domingo é dia de despedida. Mas com alegria, flores, poemas e muita música. É a despedida do Balaio, local que tanto nos acolheu e nos deu. Tantos momentos, tantos carnavais. Balaio, presente! Contará dentre outros com a presença foliã do Rejunta Meu Bulcão e Bateria Umbak e Orquestra Camaleônica do Calango Careta. Para este dia solene não há melhor homenagem que ocupar nossa querida Praça dos Prazeres, nossa praça da resistência.


Serviço
Carnaval Silencioso
18/12/15
19h
Concentração: Beirute 107 Norte
Saída: 20h30
Percurso: Beirute Norte até Pinella 408 Norte
Página do evento

Balaio, presente!
20/12/15
14h - 21h
201 Norte
Página do evento








quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Aquecendo os Tambores



Uma semana de viagem não poderia começar melhor do que com esse fim de semana que passou. Amanhã chego em Recife, mas devo confessar que desde sábado já estou me sentindo com um pezinho nas bandas de lá. 

Tudo começou na tarde quente de sábado. O clima não poderia estar melhor, céu lindo azulado como só vemos em Brasília, calor pra ser refrescado com uma cerveja gelada (sim, e ela continuou gelada até o fim!) e muito, MUITO frevo. 

Foi abrir a porta do carro e ouvir o solo dos metais pra começar a dançar, antes mesmo do ingresso. Chegamos no Grito do Suvaco da Asa! Esse bloco lindo que tem como filosofia a divulgação da cultura pernambucana em Brasília e que vem mais uma vez trazer um pedacinho do carnaval de Recife e Olinda pras asas de Brasília. Mata a saudade dos que tão longe e enche de curiosidade aqueles que (AINDA) não conhecem. 

Nas palavras dos próprios organizadores: 

“Reza a lenda – ou os dados – que Pernambuco tem o maior Carnaval do Mundo, o Maior Bloco de Rua do Mundo, a Praia Mais Bonita do País, o Jornal Mais Antigo da América Latina, o Maior São João do Mundo, o Maior Teatro ao Ar Livre do Mundo. Isso só para citar algumas das “grandezas” propagadas pelos conterrâneos de Gilberto Freyre, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Mestre Vitalino e outros dessa estirpe. 

Sim, o pernambucano é, antes de tudo, um megalomaníaco. Porém, só trabalha com fatos – como é fato que todo bom nativo ou naturalizado morre de saudade do som dos clarins, dos sobe e desce de ladeiras, dos mascarados, das alfaias dos maracatus.” 

E a festa foi linda demais, ao som da Orquestra Mafreboi. Era fechar os olhos e sentir o gostinho das ladeiras de Olinda entrando por todos os poros. O fim não poderia ter sotaque melhor do que o da Orquestra Contemporânea de Olinda, coroando a noite com muita energia!

A noite ainda fechou com o Recife mais que bem representado, com o pessoal da Banda Eddie no Arena.

Maaaas o fim de semana – ou o começo da viagem - não parou por aí! Afinal, domingo também é dia de festa! E haja festa nessa cidade!

Tivemos o baile a fantasia dos queridos do Calango Careta na quadra comercial da 408, para lembrar que Brasília também tem seu carnaval, e ele é delicioso!

No parque da cidade, a festa foi o dia todo, mostrando que Brasília também sabe festejar. A programação foi extensamente repleta de lindezas, com destaque para a apresentação do já tradicional bloco dessa cidade, o Galinho de Brasília. E haja perna, porque frevo tem de sobra por aqui!

Mais tarde nos despedimos do sotaque de Recife com uma apresentação cheia de boas energias, do mangue à praia, da lama ao caos, de nada menos que Nação Zumbi.

E pra fechar a festa, a noite e o fim de semana – e, sim, continuar a viagem – com as melhores energia e muito axé dos tambores do Olodum, porque a Bahia também há que ser bem representada por aqui!

E estamos só começando, esse fim de semana foi só uma prévia do pré-Carnaval de Brasília! Imagina que vem por aí...! 

Só coisa boa com as melhores energias, e o Brasília Carnavaliá, de cara e máscara novas, vai registrar tudo! Acompanhe nosso blog e nossa página no Facebook para saber o que vai rolar!

Porque não custa lembrar.... Brasília já está ansiosa, porque faltam 50 dias pro Carnaval!

Ai, meu coração!

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